terça-feira, 25 de outubro de 2011

A História do Cão da Valença.


A HISTÓRIA DO CÃO DA VALENÇA

Eu vou contar pra vocês
A história de um lugar
Que todo mundo comenta
Pelos cantos onde está
No tempo da minha avó
Já se ouvia contar
Somente no fim do mundo
É que ela vai terminar.

Foi em cima de um morro
Que certo dia surgiu
Uma comunidade pequena
Igual nunca ninguém viu
E nela tinha um demônio
Zangado feio e medonho
De onde nunca mais saiu.

Foi o tempo se passando
E as coisas evoluindo
O povoado crescendo
E o diabo consumindo
O sossego de um povo
Que dia e noite chorava
Sua sorte e seu destino.
Dizem que um tal major
Veio aqui residir
Ele trouxe muita fama
A ordem veio garantir,
Foi ele quem ajudou
Na construção da capela
E a paz também garantir.
Seu forte temperamento
Atraia e afastava
O povo da redondeza
Que também os procurava
A alguns dava o que pedia
Outros até desprezava
Mas sua fama crescia
Motivo ninguém achava
Diziam até que era o díabo
Que ele tanto estimava.
Na guerra do Paraguai
No meio da aflição
Os fugitivos pediam
Auxilio e proteção
Ao todo poderoso major
Que a todos acudia
Sem a menor distinção.
Foi com esses retirantes
Que o major construiu
O açude velho e a igreja
Que a muita gente serviu
E também a casa grande
Que de tanto abandono
Já a algum tempo caiu.
Mandaram matar o major
Mas sorte ele tinha muito
No dia em que o sujeito
Veio lhe tirar deste mundo,
Atirou com muita força
No meio do coração,
Mas para o seu desagrado
Matou foi o empregado
No lugar do patrão.
O major era poderoso
Mas da morte não escapou
E para tuberculose
A cura não encontrou
Morreu sem a presença de um padre
Só com seus criados
Não tinha nenhum doutor.
Depois que o major morreu
Certo dia veio pra cá
Uma família pequena
Que não tinha onde morar
E o chefe de família
Tratou logo de arrumar,
E encontrou um casarão
Para eles se abrigar.
Com essa família morava
Uma menina mimada
Seu pai lhe deu como padrinho
Um casal de amancebado
Sua mãe pensou e disse
Pra eles ela não dava
Pois diziam que em Deus
Eles não acreditavam
O pai nervoso falou
Com raiva e muito enfezado
A minha parte eu dou
Nem que seja pro o diabo.
A menina foi crescendo
E o diabo se apossando
Cada dia que passava
Seu sofrimento aumentando
O cão do seu lado estava
Sempre sorrindo e cantando
Ficava dia e noite
Sua vida enfernizando.
Quando ela ia comer
No almoço ou no jantar
O cão sempre arrumava
Bosta de galinha pra botar,
Na sua rude comida
E assim logo depressa
A fome dela passava.
Esse demônio do inferno
Era atentado do cão
Não fazia coisas boas
Tinha um mau coração
Fazia toda maldade
Só pra ver a confusão.
A vida dessa menina
Tornou-se grande aflição
E o povo causava
Grande admiração
Em ver todo aquele sofrimento
Dentro do seu coração.
Ele era muito feio
E também muito enfezado
O pior que ele era
Um tal de cão batizado,
Nunca vi bicho tão ruim
Como aquele atentado.
Um dia o satanás decidiu
Para o inferno levar
E a podre da menina
Começou logo a gritar:
Valei-me meu padrinho Cicero
O cão vai me levar!
O povo da redondeza
Começou logo a pensar
Isso é falta de oração
Juntos iremos rezar
Pra ver se esse maldito
Sai logo desse lugar
E a paz de Jesus Cristo
Volte de nono a reinar.
Mandaram chamar Pe. Cicero
Pra na menina rezar
E quando ele chegou
Começou logo a falar:
Afasta-se satanás
Vai-te pra outro lugar
E deixe essa menina
Comigo agora a rezar
E de hoje em diante
Nova vida começar.
Mas o tal Lucifér
Começou logo a berrar
Dizendo que não queria
Da menina se afastar
E o padre agoniado
Começou logo a falar
Me traga um cordão bem forte
Pra esse cão amarrar.
Perto do casarão tinha
Um pé de catolé
Que neste dito aí
Amararam Lucifér
Que como eu já falei
Era o Miguel Xavier.
Depois que o Pe. Cicero
Veio botar uma benção
O danado do cão
Desapareceu da Valença
Ainda hoje se comenta
A fama desse traidor
Qualquer briga que acontece
O povo acha um horror
E alguém logo comenta
O tal do cão se soltou.
Na alta torre da igreja
Uma bandeira foi colocada
E por esse tal cãozinho
Ela foi toda rasgada
Em forma de um urubu
Em cima dela voava
Causando grande tumulto
Em todos medo deixava.

Foi um dia de domingo
Quando a missa começava
Uma mulher bem vestida
Deu uma grande rizada
Dizendo que atrás da porta
Um negrinho dava lapada
Mas ali era o cão
Que ali lhe atrapalhava.
Não é uma só pessoa
Que volta a comentar
Que esse cão se trepava
Nos postes desse lugar
E outros ainda comenta
Que em forma de jumenta
Ele vive a se espojar.

Até hoje ninguém sabe
Esse tal de cão quem é
Só ouso o povo dizendo
Que é o Miguel Xavier
Que depois de ter morrido
Ele virou Lucifér.
Miguel Xavier queria
Ser dono desse lugar
Até mesmo depois de morto
Consegue lhe atentar
Deixando muita gente
Nessa história acreditar
E mesmo com seu nome
Esta terra continuar.
Com tudo isso que falamos
Ficaremos a pensar
Pois tem gente que ainda
Fala dizendo que ele está
Rodeando a Valença
Atentando o lugar.
Cordel produzido pela turma da 7ª série do ensino fundamental da EEF – Martiniano Elias da Silva da Vila Miguel Xavier (hoje Valença) no ano de 1993.
Alunos: Cristiano Gomes Lopes – Girleide - Edmar – Eliane – Egilene – Edlania – Francisca –  Gorete  - Junior – Leni – Marileide – Vanilda – Wberlandia.
Professora Marli Soares.

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