terça-feira, 15 de julho de 2014

ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE TECNOLOGIAS, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO




           
            Diante da configuração do novo cenário educacional vigente em que os avanços tecnológicos nos diversos campos das ciências e  das comunicações estão cada vez mais presentes na vida e na cultura da humanidade, podemos observar que inúmeras e incontáveis transformações ocorrem em espaços de tempo cada vez menores, e essa aceleração na produção de informações faz com que a Educação  se reformule em todos os seus aspectos, buscando adaptar-se aos novos costumes e praticas inerentes a sociedade da nova era digital.
            Novas linguagens estão sendo utilizadas nas salas de aula e os alunos não mais correspondem á velhos hábitos docentes que conforme Freire (1981, p. 66) são traduzidos em uma "Educação Bancaria" que coloca os alunos como meros receptáculos de conhecimentos transmitidos em forma de informações, informações essas que hoje se multiplicam e são produzidas em uma velocidade viral.  
            Boa parte dessas mudanças foram e são provocadas pela internet e suas infinitas aplicações nos mais diversos campos do conhecimento e claro na Educação, onde atualmente a o modelo de ensino presencial divide espaço com o modelo de ensino a distancia que esta cada vez mais em voga no contexto atual.
            Já se pode comprovar que hoje a humanidade produz muito mais conhecimento e em uma velocidade cada vez maior que em tempos passados, e justamente por isso que hoje um dos desafios da educação é fazer a triagem de todo esse conhecimento produzido, selecionando o que de fato faz sentido e   tem significado  para os anseios do alunado, pois a escola mesmo não sendo a única produtora de conhecimento, ela ainda é a que possui mais capacidade de sistematizar esse conhecimento para aqueles que buscam a escola para terem sua formação.
            A nova sociedade vigente denominada por muitos como a sociedade do conhecimento, a sociedade da informação ou como aponta  Castells (1999, p. 414),  "A sociedade em rede, como qualquer outra estrutura social, não deixa de ter contradições, conflitos sociais e desafios de formas alternativas de organização social."
            Mas tantas transformações e  novidades não significa que a sociedade não enfrente problemas antigos como sugere Pretto (2011, p. 99)

No entanto, essas transformações do uso das tecnologias digitais convivem com a chamada mídia tradicional, instituída ainda de maneira oligopolista. O que se observa nesse campo é a existência de um movimento de concentração da propriedade dos meios de comunicação, com uma enorme concentração de capital em torno de poucas famílias, ou grupos que dominam todo o processo de produção e distribuição simbólica planetária. No Brasil, são apenas seis famílias que comandam esse segmento econômico e mais ou menos o mesmo acontece em termos internacionais.


          
        Assim são muitos os desafios de se educar na era digital, onde os meios de comunicação ainda são propriedade de pequenos grupos dominantes que usam e abusam do poder de comunicar e produzir informações conforme os seus interesses.
            Toda via, os problemas são dos mais variados quando se trata de utilizar as TICs no cotidiano escolar, onde um dos mais sérios é o fato de muitos professores não saberem usar essas ferramentas no contesto da sua práxis docente, sendo que não apenas docentes como também gestores fazem resistência ao uso das tecnologias e essa resistência acaba comprometendo ainda mais o aprendizado dos alunos que são nativos da era digital.
            Essa ainda é uma triste realidade de muitas escolas do Brasil e de outras partes do mundo, porém, existem muitos adeptos e entusiastas do uso inteligente das ferramentas de interação, compartilhamento e produção de conhecimentos inerente as TICs que segundo Pretto (2011, p. 110):

Felizmente, são inúmeras as possibilidades de transformação dessa realidade e muitas delas estão sendo implantadas e conduzidas por professores e professoras atuantes e animados, lutando contra a precariedade das condições profissionais e de infra-estrutura das escolas. No campo das tecnologias da informação e comunicação, torna-se necessário intensificar a apropriação das TICs enquanto elementos de cultura, e não apenas como aparatos tecnológicos (muitas vezes presentes nas escolas por pressão da indústria!) que ilustram ou facilitam os processos escolares.
            O uso das TIC´s no ambiente escolar é uma realidade cada vez mais constante na prática docente e fugir ou ignorar essa tendência é remar contra a maré do infinito oceano virtual que é a internet e suas inúmeras possibilidades de uso no contesto educacional.
            As redes sociais conquistam tanto adultos como jovens e  seu uso vem se tornando uma constante e corriqueira prática, sendo que seu potencial pedagógico deve ser explorado da forma mais racional possível.
            E justamente levando em consideração a importância de se buscar um maior uso das TICs no contesto escolar que a EEEM - Dr. Abel Figueiredo vem na medida do possível se engajando na formação de seus professores em cursos oferecidos pelo NTE Marabá, que visam a formação de docentes para o uso das TICs em sala de aula, proporcionando aos educadores uma melhor atuação em sua prática docente assim como um melhor relacionamento com os alunos que estão cada vez mais antenados e dispostos a participarem mais das aulas quando essas são mais atrativas e empolgantes do ponto de vista deles como nativos digitais. A formação de professores com esse intuito é reforçada por Sette (2012),
Para a inclusão desses profissionais da educação no ambiente das TIC, há que se constituir uma formação apropriada no âmbito das redes de ensino. Por um lado, a formação inicial promovida pelas IES ainda não atinge esse objetivo de forma suficiente. Por outro lado, as aceleradas mudanças no setor das TIC provocam a necessidade de formação permanente dos docentes, a ser garantida por programas de formação continuada das redes, por exemplo.


            Alem da formação docente feita pelo NTE Marabá, a escola elaborou através de seus segmentos representado por pais, alunos, gestores e professores, um conjunto de normas para o uso do celular e principalmente as redes sociais, especificamente, FACEBOOK e do WHATSAPP em sala de aula e nas dependências da escola e a partir de uma discussão de cunho democrático, todos os segmentos da escola expuseram suas opiniões e um documento foi criado para resolver problemas do mau uso tanto do celular, como das redes sociais em sala de aula. Como não  dispomos de laboratório de informática e justamente por isso que o sinal de internet via wa-fi é liberado para que os alunos possam pesquisar os conteúdos trabalhados em sala de aula e a pedido dos professores conforme a necessidade por eles estipuladas. Porem como em qualquer escola do Brasil há abusos por parte dos alunos que ainda não sabem fazer uso não apenas de celulares como também das redes sociais, e pra evitar situações constrangedoras e principalmente para aproveitar a paixão dos alunos pelas redes sociais mais populares, que a escola traçou normas racionais para o uso das redes sociais, assim como utilizar essas redes pedagogicamente para a produção e o compartilhamento de conhecimento, pois como orienta Menezes (2011):

É um grave equívoco, no entanto, se educadores e instituições de ensino simplesmente se protegerem da internet e das redes como se elas fossem ameaças. Devemos, sim, fazer uso delas, reconhecendo o poder de comunicação que têm como essencial para o trabalho.


            Como vimos os desafios são muitos, porem as possibilidades de sucesso são ainda maiores, desde que saibamos que rumo tomar e que tenhamos forças para buscar formação para nos adaptarmos e sobrevivermos as mudanças e transformações correntes na sociedade da era digital.


Referencias:

FREIRE, Paulo. A Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: economia, sociedade e cultura, vol. 3, São Paulo: Paz e terra, 1999. p. 411-439

MENEZES, L. C. Redes Sociais: ameaças à escola ou recursos. Publicado em NOVA ESCOLA Edição 256, outubro 2012. SETTE, S. S. AGUIAR, M. A.

SETTE, J. S. A. Formação de professores em Informática na Educação: um caminho para mudança. Disponível em: http://escola2000.net/eduardo/textos/proinfo/livro05-Sonia%20Sette%20et%20alii.pdf Acesso em: 03/07/2014

PRETTO, N. De Luca. O desafio de educar na era digital: educações. Revista Portuguesa de Educação, 2011, 24(1), pp. 95-118. CIED-Universidade do Minho. Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rpe/v24n1/v24n1a05 Acesso em 03 de  julho de 2014.

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